Por Aline Moura - Bióloga/ especialista em Ciências Ambientais
O
título pode até parecer uma afronta frente à invasão destas espécies em
nossas terras. É fato que as plantações de eucalipto vêm substituindo
gradativamente as florestas nativas em todo país e não é diferente em
nossa região, basta observar a paisagem durante uma viagem qualquer. Os
pés parecem que brotam de um dia pro outro, num dia um cerrado denso, no
outro os verdinhos compridos tomando conta do espaço. E isto é um ponto
negativo, se olharmos pelo prisma da biodiversidade. As florestas
nativas precisam ser preservadas, não resta dúvida.
O
fato é que, seja pela substituição de florestas, ou seja por outros
motivos um tanto quanto polêmicos, como por exemplo, a tão condenada
propriedade de absorção de água, o eucalipto tem sido visto como um
vilão malvado e perverso, comparando inclusive sua “malignidade” ao
avanço da pecuária sobre matas nativas, ao impacto ambiental de áreas
degradadas, até a destruição da camada de ozônio e outros agentes de
destruição que tanto ouvimos falar.
O
certo é que a espécie, que por incrível que pareça também é um vegetal,
presta serviços ambientais importantes como qualquer outro exemplar de
árvore, como a absorção de gás carbônico e a liberação de oxigênio, mas
penso que os críticos mais esquentados se esquecem disto e preferem
condenar o eucalipto com a pena mais alta – a de morte.
Além
dos serviços básicos, tal árvore vem substituindo e muito a derrubada
de árvores nativas como Ipês, Aroeiras e outras tantas nativas
utilizadas indiscriminadamente há séculos para confecção de móveis,
cercas e até para seu emprego em colunas das casas mais antigas, tanto
que hoje, algumas dessas espécies constam em lista vermelha de
extinção , portanto são protegidas por lei.
O
eucalipto prestou-se para por fim na derrubada de árvores para produção
de celulose, confecção de caixas, pallets, mourões e até móveis, sem
falar na sua utilização como combustível para alimentação de fornos e
caldeiras. Quantas árvores nativas já não serviram para estes fins?
Elevá-los
a status de herói é vedar os olhos para o desmatamento de matas
nativas, refúgio de espécies que ainda nem foram descobertas,
substituindo o colorido heterogêneo das folhas, flores e troncos do
nosso cerrado ou mata semi - decidual pelo colorido heterogêneo das
notas de reais, fruto da venda dos eucaliptos.
Em contrapartida condená-los como vilões é desmerecer seus atributos e um equívoco retrógrado na época em que vivemos.
Encontrar
um meio termo pode ser a solução mais viável para os conflitos travados
entre a preservação e o desenvolvimento. Manter as florestas em pé
convivendo com os eucaliptos parece ser razoável, exigindo moderação
entre as partes: sensibilidade para aqueles que querem cultivar a
espécie, para que utilizem o solo com sabedoria e tolerância para os que
jogam as pedras.
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