Por LUIS CARRASCO , MATEUS DOS SANTOS - O Estado de S.Paulo
Quando
ainda estava na faculdade, Alexandre Braz, de 23 anos, fundou com
colegas o Instituto Muda. Em quatro anos, eles montaram um sistema de
coleta seletiva em 35 condomínios de São Paulo e reaproveitaram mais de
170 toneladas de lixo. "Hoje, são 14 pessoas trabalhando na coleta e
triagem. Nós atuamos onde o governo não atua." O engajamento em questões
ecológicas, a exemplo de Alexandre, é considerado uma das novas formas
de fazer política.
É
o que dizem especialistas como Marcos Sorrentino, ex-diretor de
Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente. "Enquanto todos falam
que é preciso reduzir a emissão de poluentes e o consumo, o governo
discute leis para diminuir áreas de preservação. Isso só faz o ceticismo
dos jovens crescer, pois eles não se sentem representados
politicamente." E é o que mostra a enquete E você, pelo que se
mobiliza?, promovida pelo Estado em sua página no Facebook. A opção
"meio ambiente" foi a mais votada, com 31% dos cliques.
"Pela
via do meio ambiente, ele pode se satisfazer na atuação política",
confirma a pedagoga Leila Chalub, coordenadora do Observatório da
Juventude da UnB. Essa é também uma maneira de se desprender dos modelos
convencionais da sociedade, acredita o educador ambiental Renato
Tagnin. "Os mais velhos não enxergam a crise em que estamos. A política
não dá conta das demandas da população e a economia a agrava ainda
mais." Segundo ele, a situação só vai mudar com mobilização coletiva.
O
consultor de empresas João Paulo Amaral, de 25 anos, faz sua parte. Em
dezembro passado, criou o Bike Anjo, projeto com voluntários - 200 só em
São Paulo - que traçam rotas e acompanham quem deseja enfrentar o
trânsito pedalando. No Brasil, outras 27 cidades aderiram à iniciativa
que, junto com a de Alexandre, representou o País no Programa Jovens
Embaixadores Ambientais, em parceria entre uma farmacêutica e o Programa
da ONU para o Meio Ambiente.
João Paulo diz que a vontade de ajudar a natureza surgiu no colégio. Para o biólogo
Gustavo Borges, está aí outra explicação para a onda verde. Desde 1999,
a Política Nacional de Educação Ambiental prevê a abordagem
multidisciplinar de questões ecológicas nas escolas. "Antes, só havia
programas de política conservativa, do tipo 'salve o mico-leão-dourado'.
Hoje, existe uma consciência socioambiental e as pessoas já sabem que
meio ambiente é o bairro onde elas vivem e trabalham."
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