Nas últimas duas décadas, assistimos à calorosas discussões acerca das
possíveis causas das mudanças climáticas que vem ocorrendo e suas
consequências sobre a superfície da Terra. E indiferente da linha de
segmento, todos concordam que temos vivido fenômenos climáticos e
atmosféricos mais intensos e frequentes, sem registros há pelo menos 600
anos.
Das diferentes vertentes sobre o assunto, duas ganham força e adeptos: a
primeira aponta que a atividade solar cíclica, gera períodos de
aquecimentos mais intensos os quais parecem ser acompanhados de maior
concentração de gás carbônico, fase esta que estaríamos vivenciando
atualmente, agravada pelo aumento de calor irradiado pelas áreas
degradadas.
Outra linha versa sobre outra causa, contradizendo a primeira, quando
afirma que a comportamento energético do sol é relativamente estável e
sugere que a excentricidade da órbita elíptica da Terra com inclinações
no seu eixo, seria a causa do aumento da temperatura no planeta, gerando
alternâncias entre eras glaciais e eras áridas.
O mar avança sobre o litoral, engolindo o que foi outrora construído
pelas mãos humanas, áreas desérticas se multiplicam ou se estendem, os
períodos de retorno de chuvas torrenciais com probabilidade de
alagamento vai precisar ser revisto. Ora, em regiões onde se calculava
um período de retorno de cem anos, pode-se esperar hoje o fenômeno a
cada três anos.
Não há dúvidas que oplaneta passa por períodos cíclicos, a especulação é
entorno das causas, mas ninguém pode negar que damos uma forcinha para
acelerar os rigores climáticos.
Quando pensamos em aquecimento global, a imagem que vem a mente é a
poluição provocada pelas grandes metrópoles e nos esquecemos que cada
cidade por menor que seja, contribui particularmente e em conjunto para o
aumento da temperatura, claro que umas em maior escala que outras,
dependendo diretamente do nível de industrialização, das legislações
aplicadas e da cultura instalada em cada região.
Se trouxermos a problemática para a esfera local, percebemos nitidamente
nossa contribuição negativa ao depararmos com áreas degradas na zona
rural e em praticamente todos os bairros de uma cidade, irradiando calor
com mais intensidade. Nascentes de água impactadas, uma frota de
veículos inchada, que mal é comportada nas vias públicas, chaminés
poluidoras, sem qualquer controle atmosférico e queimadas - todos
emissores de gases que aceleram as mudanças climáticas. Tem culpa o
cidadão e tem culpa o poder público.
Muitas vezes aqueles que detêm o poder político e de decisão sobre o
gerenciamento ambiental, nascem e crescem em ambientes urbanos
extremamente artificiais ou perdem ao longo do tempo o vínculo com o
ambiente natural e a percepção de que este continua a ser o alicerce dos
ambientes artificiais os quais estamos expostos. Não há qualquer
relação, por exemplo, da água abundante da torneira com a necessidade
fundamental da proteção das nascentes.
Senão podemos deter a atividade cíclica do sol ou modificar o eixo de
inclinação da terra, nos resta apenas atrasar as mudanças, adequando
nossas atividades poluidoras, seja ela o consumismo, a modernização ou
mesmo o desleixo e o descaso com os bens naturais. Somos todos
contribuintes: terráqueos, brasileiros, americanos, europeus, cidadãos,
políticos, empresários, mineiros, paulistas e então, somos todos
culpados.
Por Aline Moura - Bióloga/Especialista em Ciências Ambientais
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