quarta-feira, 15 de maio de 2013

ARTIGO: AQUECIMENTO GLOBAL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS. A CULPA É DE QUEM?



Nas últimas duas décadas, assistimos à calorosas discussões acerca das possíveis causas das mudanças climáticas que vem ocorrendo e suas consequências sobre a superfície da Terra. E indiferente da linha de segmento, todos concordam que temos vivido fenômenos climáticos e atmosféricos mais intensos e frequentes, sem registros há pelo menos 600 anos.

Das diferentes vertentes sobre o assunto, duas ganham força e adeptos: a primeira aponta que a atividade solar cíclica, gera períodos de aquecimentos mais intensos os quais parecem ser acompanhados de maior concentração de gás carbônico, fase esta que estaríamos vivenciando atualmente, agravada pelo aumento de calor irradiado pelas áreas degradadas.

Outra linha versa sobre outra causa, contradizendo a primeira, quando afirma que a comportamento energético do sol é relativamente estável e sugere que a excentricidade da órbita elíptica da Terra com inclinações no seu eixo, seria a causa do aumento da temperatura no planeta, gerando alternâncias entre eras glaciais e eras áridas.

O mar avança sobre o litoral, engolindo o que foi outrora construído pelas mãos humanas, áreas desérticas se multiplicam ou se estendem, os períodos de retorno de chuvas torrenciais com probabilidade de alagamento vai precisar ser revisto. Ora, em regiões onde se calculava um período de retorno de cem anos, pode-se esperar hoje o fenômeno a cada três anos.

Não há dúvidas que oplaneta passa por períodos cíclicos, a especulação é entorno das causas, mas ninguém pode negar que damos uma forcinha para acelerar os rigores climáticos.

Quando pensamos em aquecimento global, a imagem que vem a mente é a poluição provocada pelas grandes metrópoles e nos esquecemos que cada cidade por menor que seja, contribui particularmente e em conjunto para o aumento da temperatura, claro que umas em maior escala que outras, dependendo diretamente do nível de industrialização, das legislações aplicadas e da cultura instalada em cada região.

Se trouxermos a problemática para a esfera local, percebemos nitidamente nossa contribuição negativa ao depararmos com áreas degradas na zona rural e em praticamente todos os bairros de uma cidade, irradiando calor com mais intensidade. Nascentes de água impactadas, uma frota de veículos inchada, que mal é comportada nas vias públicas, chaminés poluidoras, sem qualquer controle atmosférico e queimadas - todos emissores de gases que aceleram as mudanças climáticas. Tem culpa o cidadão e tem culpa o poder público.

Muitas vezes aqueles que detêm o poder político e de decisão sobre o gerenciamento ambiental, nascem e crescem em ambientes urbanos extremamente artificiais ou perdem ao longo do tempo o vínculo com o ambiente natural e a percepção de que este continua a ser o alicerce dos ambientes artificiais os quais estamos expostos. Não há qualquer relação, por exemplo, da água abundante da torneira com a necessidade fundamental da proteção das nascentes.

Senão podemos deter a atividade cíclica do sol ou modificar o eixo de inclinação da terra, nos resta apenas atrasar as mudanças, adequando nossas atividades poluidoras, seja ela o consumismo, a modernização ou mesmo o desleixo e o descaso com os bens naturais. Somos todos contribuintes: terráqueos, brasileiros, americanos, europeus, cidadãos, políticos, empresários, mineiros, paulistas e então, somos todos  culpados.

Por Aline Moura - Bióloga/Especialista em Ciências Ambientais

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